terça-feira, 28 de outubro de 2008

Conhecimento é uma arma


Gostaria de comentar o texto que Jorge escreveu. Eu concordo com ele sobre o mau uso da mídia. A comunicação é uma arma e deve ser usada para a construção e não destruição. "Meus valores já não valem nada." Muitas vezes engolimos inertes tudo o que nos é oferecido, sem sequer selecionarmos o que vale a pena consumir.

Jorge em uma entrevista que ouvi ou assisti (não lembro ao certo) disse que cursou jornalismo, mas não tinha alma de jornalista. Contudo, nesse post, ele provou que tem sim esse espírito questionador que a maior parte dos que sonham em seguir a profissão têm. Sou estudante de jornalismo e sinto na pele tudo o que ele disse. Chegamos à universidade com a idéia de mudar o mundo e se não tivermos força e nos impormos, somos nós que mudamos.

Infelizmente, a universidade muitas vezes se preocupa com a técnica ou a prática e esquece que lidamos com ser humanos. Tive uma experiência no período passado de trabalhar comunicação em uma comunidade carente e pude perceber o quanto a mídia é cruel com as pessoas marginalizadas. Escolhemos a comunidade Padre Villermain, no Hipódromo (Recife). Eles reclamaram porque não tinham vez e nem voz na imprensa. O local só aparecia nos noticiários policiais quando acontecia um crime ou um assassinato. O lado cultural da comunidade ninguém mostrava. Eles têm grupos de grafitagem, hip hop e break e através desses movimentos contribuem com a educação e conscientização de adultos e crianças do local. Transmitem mensagem de esperança de que um mundo melhor é possível e deve começar com cada um de nós. Com certeza aprendemos mais do que ensinamos. Foi uma experiência muito proveitosa.

Sabemos do poder manipulador da mídia. Quantas meninas não cortam o cabelo, se vestem, se comportam como um desses famosos personagens de novela. Mas ninguém admite abertamente ser mais um fantoche. A influência da mídia, em sua maioria, é negativa. Basta ver os últimos exemplos. Depois do caso Isabela quantas crianças foram atiradas pela janela? Várias. Agora quantos namorados (as) e maridos (esposas) não cometerão crimes passionais? Marginais são transformados em 'pop stars'.

Nós temos a função de informar para formar opiniões, mas não podemos impô-las. Acho ótima essa idéia de consumir notícias positivas. Pena que nossa desumana imprensa prefira omiti-las. E disso nasce aquele velho questionamento (que certamente Jorge e todos os estudante de comunicação social já debateram nos bancos da universidade): a mídia mostra o que o povo quer ou o povo vê o que a mídia mostra?

Há um texto de Rita Apoena que resume tudo: “ Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem."

E que bom que Jorge faz parte do time dos poetas. O mundo agradece... Entremos também para o time que consegue ver a beleza nas pequenas coisas e acredita num mundo melhor. Sem viver alienado num mundo cor-de-rosa.

Beijos perfumados!

Obs.: As fotos que ilustram esse post foram tiradas na Comunidade Pe. Villermain (Hipódromo - Recife), no projeto Comunicação e Arte que desenvolvi com alguns amigos para a cadeira Comunicação e Cidadania.





~ Margarida ~

Nenhum comentário: