quarta-feira, 17 de junho de 2009

Compositor ou poeta?

Palavra (en)cantada investiga a música que há na poesia
por Thiago Corrêa - Diario de Pernambuco

De uns tempos para cá tem sido até comum ouvir elogios de que tal cantor é um poeta.



Embora estejamos acostumados a pensar música e literatura como diferentes expressões artísticas, elas se confundem desde as origens. Percebendo o reencontro entre a poesia e a música popular brasileira, a diretora Helena Solberg promoveu uma profunda investigação sobre o tema no documentário Palavra (en)cantada, que está em cartaz no Cinema da Fundação.

Construído a partir de depoimentos de estudiosos, escritores e principalemente músicos, o filme remonta a época dos trovadores medievais, que cumpriam o papel de jornalistas e historiadores da época narrando causos com acompanhamento musical. O que explica, por exemplo, fenômenos como o de Lirinha. O vocalista do Cordel do Fogo Encantado lembra a importância dos desafios de poetas na fazenda do avô para sua formação artística.

O filme foca ainda a importância da música popular adqurida no Brasil, fazendo a ponte entre omeio erudito e um país carente de gosto pela leitura. Uma ligação que surge tanto pela perspicácia dos músicos na hora de compor, como na abertura dos poetas em dialogar com os cantores. Casos contundentes disso são os divertidos depoimentos de Adriana Calcanhoto sobre sua tumultuada relação com o Waly Salomão e de Chico Buarque sobre a versão musicada que ele fez de Morte e vida severina, clássico de João Cabral de Melo Neto.

Com olhar abrangente, Palavra (en)cantada também expande a discussão para outros horizontes, abordando-a na cultura de massa, seja no hip hop de Ferréz ou mesmo na roupagem da Tropicália ou do Manguebeat, com imagens do show histórico da Chico Science & Nação Zumbi com Gilberto Gil, no Abril Pro Rock de 1996.


~ Margarida ~

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