domingo, 17 de maio de 2009

Soneto


É bom, amor, sentir-te perto de mim na noite,
invisível em teu sonho, seriamente noturna,
enquanto eu desenrolo minhas preocupações
como se fossem redes confundidas.

Ausente, pelos sonhos teu coração navega,
mas teu corpo assim abandonado respira
buscando-me sem ver-me, completando meu sonho
como uma planta que se duplica na sombra.

Erquida, serás outra que viverá amanhã,
mas das fronteiras perdidas da noite,
deste ser e não ser em que nos encontramos

Algo fica acercando-nos na luz da vida
como se o selo da sombra assinalasse
com fogo suas secretas criaturas.

Pablo Neruda

*Orquídea*

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