terça-feira, 9 de setembro de 2008

Amor, matemática e Jorge Vercillo

Foto do site: www.jorgevercillo.com.br

O texto que posto hoje foi escrito pelo cantor baiano Netinho há alguns meses (07/06/2008), mas ele se refere ao nosso querido jardineiro de uma forma bela e carinhosa. Acredito que ele diz algumas coisas que constatamos ao longo desse período em que admiramos Vercillo. Primeiro há amor em tudo que Jorge faz e por isso tudo se torna belo. Há amor em cada canção, gesto, olhar, show, palavra e em cada minuto que ele nos reserva. E como o amor é tão inerente a este anjo que enche a nossa vida de alegria com sua doce voz e seus mais gestos de carinho. Jorge é o tipo de pessoa que quando a gente conhece passa a amar incondicionalmente.

Já falando em matemática, não posso adentrar muito nesse assunto porque não é o meu forte. A relação que tenho com os números não é muito amistosa. rsrs Mas a construção de cada canção é de certa forma um processo matemático de somar, subtrair, multiplicar e dividir sentimentos. Somar sempre... sempre somando amigos e momentos inesquecíveis. Bom acho que já falei demais, não foi? Vamos ao texto de Netinho.

Ah, quem quiser conferir o blog de Netinho o endereço é: http://www.netinho.com.br/

Beijos perfumados a todos!!!

~ Margarida ~


Amor, matemática e Jorge Vercillo
por Netinho

Realmente não adianta.

Se você não aplicar o amor em tudo o que você faz na sua vida, você não sairá feliz dessa. Pode acreditar. São duas coisas fundamentais prá mim nessa estrada em que estamos: agir sempre com amor e paixão, e saber utilizar com sabedoria o tempo que nos é dado aqui. E quão precioso é o tempo. O amor então, esse nem se fala... Para mim é fato.

Independente das nossas crenças que são diversas e muito particulares, a gente está aqui para ser feliz. Nesse intrincado e difícil xadrez que começamos a jogar desde o nosso nascimento e que só termina quando morremos, o encontro da felicidade é o galardão máximo, o grande prêmio, o lugar mais alto do podium.

Uma questão interessante é que este magnífico xadrez possui todas as ferramentas para nos deixar iludidos durante todo o tempo em que estamos a jogá-lo. É uma verdadeira Disneylândia cheia de atrações, brinquedos e muita fantasia. É aí que mora o perigo.

Em meio a tudo o que nos cerca no decorrer da nossa vida, corremos o sério risco de não conseguir enxergar o que realmente vale a pena dentro de tudo isso, e que na verdade é o que de mais simples há. É do homem querer sempre mais. Mais, mais e mais. É do homem também, nunca se sentir satisfeito. Pobres de nós.

Também é do homem, se perder sem perceber. Somos essas criaturas difíceis, complexas ao extremo, sensíveis e de inatingível entendimento. Frágeis portanto. E vivemos nesse joguinho promovido pelos nossos feitores, ego, superego e id. Somos brinquedo na mão dessas três crianças crescidas e mal criadas. Este conceito freudiano do que somos, na verdade, é apenas um conceito. Penso que há muito mais aqui dentro pois somos gigantescos e de forma alguma nos conhecemos.

Portanto, nessa estrada há muito a nos ocupar, confundir e iludir durante todo o processo da nossa vida. E vamos nos enganando. Muitas vezes mentindo para nós mesmos num processo que alivia a nossa dor. É cruel!

Voltemos então à matemática do tempo e do amor. Precisamos ser sábios no uso do nosso tempo.

Precisamos estar sempre cientes da importância do amor em TUDO que fazemos. Precisamos ter em mente o equilíbrio. E precisamos nos perguntar sempre: Vale a pena?

Não precisamos chegar hipertensos, cancerosos, obesos, cardíacos, doentes por termos dispendido o nosso tempo desequilibradamente apenas nos negócios, na competição sem freio, na ânsia obsessiva pelo acúmulo.

Não precisamos chegar amargos, invejosos, incompletos, tristes por não termos reservado tempo para praticar o amor.

Não precisamos chegar sozinhos, carentes, feios por dentro, insatisfeitos com a nossa própria vida, excluídos por não termos compartilhado tempo e momentos com os que gostaram de nós.

Não precisamos envelhecer, jogar a toalha, deixar que o pó se acumule sobre a eterna criança que podemos ser, e esta pode ser a sabedoria maior para uma vida leve e feliz.

Não precisamos prestar atenção ao que os outros falam de nós; não devemos dar ouvidos aos tristes e coitados pois os que vivem de olho na vida dos outros nada mais conseguem ser além disso.

Não precisamos chegar dissimulados, tentando esconder o que realmente somos atrás de uma cortina de piadas batidas e falso bom humor.

Há os que resistem a estas idéias e ideais e seguem numa verdadeira Matrix do grande xadrez. Sem dúvida, é mais cômodo, dá menos trabalho e não requer o necessário estado constante de alerta. Normal, somos diferentes, unos.

O engraçado porém, é que tudo isto aí que escrevi nada mais é do que pura matemática. Não tem erro ou dúvida. É como o "dois mais dois são quatro". No fim das nossas vidas, todos nós faremos a fatídica contabilidade. E só lá, naquele momento que talvez seja o mais sublime de toda a nossa existência pois estaremos numa passagem ou no final, saberemos o peso da percepção do que realmente fomos.

Felizes dos que chegarão satisfeitos ao final dessa conta, pois o tempo não volta atrás oferenendo novas oportunidades. Não há possibilidade de remendo. Muito menos de retífica. A nossa vida, como o xadrez, é pura matemática. Assim como é a música.

Cálculo preciso em sua escrita que se transforma em letra e melodia e faz brotar na gente as mais puras e belas emoções revelando pedaços do que há de mais humano em nós. A música de Jorge Vercilo é um exemplo dessa matemática.

Estive ontem à noite no Teatro Castro Alves aqui em Salvador para rever e prestigiar o meu querido amigo. Casa lotada e emoções à flor da pele. Jorge é mestre em escrever e cantar o amor. Me faz muito bem ver o seu show quando ele vem por estas bandas. Sua música acaricia este mais puro amor que sinto pela MPB e que é latente aqui dentro do peito. Aliado a isso, tem toda a emocão que vive em mutualismo com as suas melodias e sua poesia.

O poder da música realmente é algo fantástico. Naquelas duas horas de show, não consegui enxergar pessoas lá no teatro. Enxerguei corações. Sem dúvida aquela experiência me sensibilizou a escrever esse texto da forma como estou escrevendo. Já estava querendo falar sobre o tema TEMPO e AMOR aqui no blog pois nas últimas duas semanas estive com um amigo que gosto muito e que aparentemente não está sabendo sair da Matrix que o aprisiona faz tempo.

Esta reflexão e estas palavras são para este amigo. Como eu queria que ele conseguisse seu tempo de volta. Tempo para ir ao show de Jorge e se emocionar com coisas simples. Tempo para se permitir "enxergar corações". Tempo para ele mesmo. Tempo para encontrar a sua real felicidade. Estou torcendo. Há tempo.

Nenhum comentário: